SEARCH

17 julho, 2010

Acidente ocorreu no troço mais degradado da Linha da Norte

O descarrilamento de nove dos 18 vagões de um comboio de mercadorias, esta tarde, em Válega, ocorreu num troço ainda não modernizado da Linha do Norte e que é considerado o mais problemático deste corredor ferroviário.
A modernização dos 33 quilómetros de via férrea entre Ovar e Gaia tem sido sucessivamente adiada, inicialmente por Mário Lino (durante o primeiro mandato de Sócrates), que mandou parar um projecto que previa pôr a linha com padrões de elevada qualidade e com um considerável aumento da velocidade.

Ana Paula Vitorino, a secretária de Estado dos Transportes de então, deu indicações para a Refer se limitar aos investimentos estritamente necessários com a segurança (sobretudo construção de passagens desniveladas), argumentando que não valia a pena gastar muito dinheiro com a linha do Norte, uma vez que a alta velocidade iria avançar.

Ainda assim, e já com António Mendonça a suceder a Mário Lino, a Refer previa investir este ano naquele troço 19 milhões de euros, a que se seguiriam 20 milhões no próximo ano. Mas o Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) ditou que a melhoria desta linha ficasse, mais uma vez, adiada.

A Refer tem, no entanto, mantido aquele troço com a segurança necessária à circulação de comboios, através de obras de conservação, mas que têm saído muito caras porque a linha está no limite da sua vida útil. Enquanto gestora da infra-estrutura ferroviária, a Refer já ponderou, inclusivamente, limitar naquele troço a velocidade dos comboios (que ali raramente excedem os 120 Km/hora, com excepção de pendulares que podem circular a 140 Km/h) a fim de manter patamares de segurança aceitáveis.

O PÚBLICO apurou que o maquinista de um comboio que precedia a composição acidentada se tinha dado conta de um solavanco estranho provocado por eventual defeito da via. No entanto, ainda é cedo para tirar conclusões sobre a causa do descarrilamento, tanto mais que os últimos dois acidentes deste tipo com comboios de mercadorias na linha do Norte, tiveram origem em defeitos do próprio material circulante.