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05 julho, 2011

Surpresa nas estações portuguesas com anúncio do fim da ligação a Vigo

Publico 04.07.2011


“É uma linha viável, só não será se existir gestão danosa na empresa”, garantiu um maquinista há mais de 25 anos habituado a fazer os 175 quilómetros que separam a cidade do Porto de Vigo, em Espanha. “Ainda no fim-de-semana, só bicicletas de passageiros que vinham passar o dia ao Porto, eram mais de vinte”, acrescentou o maquinista, que optou por não se identificar.

Embora sendo um serviço partilhado entre Portugal e Espanha, cabe à CP assegurar a ligação, com material e maquinista próprio, entre Porto e Vigo. No entanto, em Tui, em Espanha, o comboio português recebe um maquinista da Renfe, a congénere espanhola.

“Só lá vai para fazer companhia e dizer se há algum problema na linha espanhola, porque eu conheço o trajecto de olhos fechados”, garantiu o português. O problema actual, acrescentou, é o facto de a CP ter deixado de autorizar a venda nas estações portuguesas de bilhetes com origem em Portugal e destino na Galiza, pelo que o trajecto máximo cobrado é até Valença, como se constata na consulta da página de internet da empresa pública.

“O resto cabe a um revisor espanhol, que também devia entrar em Tui, mas que nem sempre aparece. Ou seja, quase todos os dias há passageiros a viajarem de borla porque não se faz cobrança a partir da fronteira”, contou um revisor da linha, na sua paragem em Valença.

Acrescenta que, no verão, do lado português, chegam a ser dois revisores da CP a cobrar bilhetes, cada um a fechar o serviço com cerca de “300 a 400 euros” euros facturados.

“Nunca viajam menos de 30 pessoas. Ao fim-de-semana uma viagem pode levar mais de 70 e chegamos a ter de colocar pessoal para reforçar a cobrança, sem conseguir despachar tudo”, diz ainda.

Outro revisor explica o interesse por esta viagem, apesar das três horas de duração: “De um lado e do outro, os passageiros saem cedo para passar o dia fora, a passear ou às compras, e regressarem à noite. Temos pessoas que fazem este percurso há anos, por isso não dá para perceber como é que dizem agora que não é rentável”, afirma.

Isso mesmo confirma António Silva, habitual utilizador do comboio que diariamente passa por Viana cerca das 09:30, com destino a Vigo. Chega ao centro da cidade galega duas horas depois e vai normalmente em passeio com os amigos. “A viagem podia ser melhor, mas dá para ir almoçar às marisqueiras, fazer umas compras e regressar a casa às 20:30. E nunca vi o comboio a ir vazio”, confessa.