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03 setembro, 2017

Falta de entendimento entre IP e empreiteiro determina paragem nas obras entre Caíde e o Marco

Olhando para os últimos anos, parece não haver obra ferroviária que mais custe a fazer do que a electrificação de 16 km de linha entre Caíde de Rei e o Marco de Canaveses, na zona suburbana do Grande Porto. As obras estão novamente paradas e a empresa até agora responsável não vai ser a mesma que as vai concluir.

Em resposta às perguntas da Associação Comboios XXI, a Infraestruturas de Portugal (IP) informa que à empresa Isolux-Corsán cabe, agora, apenas “restabelecer as condições de segurança e de exploração” da linha, sendo que aquele consórcio espanhol não vai concluir a obra, como estava inicialmente previsto.

Afinal, o que aconteceu?

Em Novembro de 2016, a Isolux-Corsán apresentava “graves dificuldades financeiras”, pelo que a IP desenvolveu diligências para “assegurar a continuação da empreitada”. Assim, “os trabalhos de construção civil das estações e catenária [estrutura que suporta o fio eléctrico que alimenta os comboios] na via estão praticamente concluídos”.

Há poucas semanas, sem que ninguém tivesse previsto, surgiram problemas com dois túneis à saída de Caíde. O projecto, orçado em 6,4 milhões de euros, previa o seu “reforço estrutural e o rebaixamento da via” para que, dentro dos túneis, passasse a haver altura suficiente para instalar a catenária.

Durante essas obras, “tornou-se necessário aumentar significativamente os trabalhos a realizar pelo consórcio”. Porém, descobriu-se que os túneis, “com já cerca de 150 anos”, são constituídos “essencialmente por rocha, agravando muito as condições de realização dos trabalhos”, explica a gestora da infra-estrutura ferroviária portuguesa.

A IP conclui: “Não foi possível chegar a um acordo com o empreiteiro para a execução dos trabalhos não previstos”. A Isolux-Corsán sai de cena e outra empresa terá de concluir as obras.

A Infraestruturas de Portugal não explica por que razão o projecto desta empreitada não previa aqueles trabalhos nos túneis. Adianta a empresa que está em curso a contratação de uma nova empreitada.


O plano Ferrovia 2020 previa a conclusão desta electrificação entre Outubro e Dezembro de 2016. No entanto, não será sequer em 2017 que os comboios suburbanos do Porto poderão chegar ao Marco, continuando a ser necessário o transbordo para comboios a diesel em Caíde.


IP pondera encerrar o troço para maior rapidez nas obras

Está em cima da mesa a hipótese de encerrar os 16 km entre Caíde e o Marco, procedendo-se a transbordo rodoviário. Quem o diz é Manuel Moreira, presidente da câmara municipal de Marco de Canaveses, que apresentou essa solução à empresa pública.


Nem a IP nem o autarca souberam dizer prazos, mas, na melhor das hipóteses, as obras só regressarão em inícios de 2018.

Comboio espanhol a diesel da série 592, que actualmente assegura as ligações entre Caíde e o Marco