SEARCH

13 julho, 2011

"Parte da Linha do Oeste pode encerrar"



Chegam-nos notícias de várias origens que nos levam a crer que poderá estar próximo um anúncio semelhante ao que tivemos para o Porto-Vigo na semana passada, desta vez em relação à Linha do Oeste

Para prevenir este desfecho foi criada em 2010 a Comissão para a Defesa da Linha do Oeste, para promover também a melhoria do serviço e requalificação de um dos mais flagrantes casos de subaproveitamento de uma infraestrutura ferroviária em Portugal, que poderia unir de forma cómoda e rápida três distritos e zonas densamente habitadas.

Foi feita de seguida uma petição pela requalificação desta linha, que acolheu amplo consenso social e político dos representantes da região,  e posteriormente entregue na Assembleia da República, com mais de 6000 assinaturas recolhidas, valendo uma recomendação  por maioria parlamentar, incluindo por parte dos dois partidos que compõem o governo actual.

Dado o amplo apoio político que acolheu esta iniciativa, materializado numa resolução algo que deveria ocorrer naturalmente em matérias de interesse comum, temos agora a expectativa de que os compromissos anteriores não irão ser ignorados, especialmente porque uma ferrovia conveniente e económica é um factor importante de mitigação dos efeitos da crise sobre a mobilidade dos cidadãos.

*Agradecemos o fornecimento de contactos da Comissão de Defesa da Linha do Oeste


Fica aqui uma versão resumida da entrevista de José Benoliel à Gazeta das Caldas (por Carlos Cipriano)sobre a Linha do Oeste:

Que planos tem para a linha do Oeste?
(...)estamos a colaborar com a Refer no projecto de modernização da linha, no qual se estão a estudar cenários de exploração e de intervenções na infra-estrutura necessários, que permitam avaliar o montante de investimentos que permitam dotar a linha do Oeste de uma capacidade competitiva com outros modos de transporte.

Um upgrade no conforto do material circulante – uma vez que não consegue aumentar a velocidade – não poderia traduzir-se numa maior captação de clientes?
Quando, por exemplo, o tempo de deslocação entre Lisboa e Torres Vedras de carro é de 30 minutos e o comboio demora o dobro do tempo, mesmo comparando com o autocarro que demora cerca de 45 minutos, dificilmente o upgrade no conforto se traduz numa maior captação de clientes que justifique o investimento.

A CP considera, então, que sem intervenção da Refer, sem mexer na infra-estrutura, não pode fazer melhor?
É muito difícil fazer melhor, não só pela infra-estrutura, mas também pelo tipo de mobilidade existente na linha. (...) Mas para conseguir essa performance numa linha de via única, o serviço regional de curta distancia teria que ficar inviabilizado, deixando ao abandono povoações que continuam a apoiar-se no caminho-de-ferro.

A linha do Oeste já foi estruturante. Neste momento não é. As pessoas estão divorciadas da linha.
A partir dos anos 80 a motorização em Portugal aumentou significativamente ao mesmo tempo que foram construídas estradas e auto-estradas a ligar os principais centros urbanos. (...)
Compete ao caminho-de-ferro (e aos governos) investir para recuperar a ”noiva”, demonstrando-lhe as vantagens dos seus atributos em termos de ambiente, economia, segurança e conforto

Por que motivo a linha está partida ao meio, com transbordos nas Caldas, em vez de se considerar todo o eixo Oeste como um só corredor ferroviário que una Lisboa a Coimbra?
(...) Já a descontinuidade do serviço entre a norte e sul é essencialmente teórica. Na maior parte dos casos é a mesma automotora que efectua o serviço de continuidade correspondendo o tempo de paragem nas Caldas da Rainha a uma paragem técnica para assegurar as correspondências e cruzamentos.

Desculpe interromper, mas isso não é, de todo, verdade. Só há um único caso em que isso acontece. E é essa mudança de automotora que as pessoas não entendem e desencoraja o uso do modo ferroviário.  
Existem efectivamente alguns constrangimentos que dão a percepção de não continuidade, como sejam o reabastecimento de combustível e a limpeza que são efectuados nas Caldas da Rainha, bem como a acoplagem ou desacoplagem de unidades para circulação em múltipla.

O que impede a CP de afectar ao Oeste a frota de Intercidades que estavam a fazer Évora e Beja?
É verdade que o litoral apresenta um mercado potencial elevado com uma maior concentração de população, e isso é conhecido e repetido várias vezes, mas também não deixa de ser verdade que todo o litoral recebeu fortes investimentos em infra-estrutura rodoviárias e continua a receber.