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26 janeiro, 2009

S.Bento: relato do caos habitual

Deixamos aqui um relato na primeira pessoa duma situação já usual nos fins de tarde da estação de S.Bento. A ComboiosXXI estranha o silêncio a que está vetada a direcção da CP-Porto após as inúmeras reclamações e tentativas de contacto.

"Na pretérita sexta-feira, aguardava em São Bento pelo comboio 15243, que me levaria de volta a Famalicão, cuja partida estava marcada para as 19:25. Como é um infeliz hábito, dez minutos antes da partida ainda ninguém sabia de qual linha partiria o comboio. Entrou na linha 2 uma composição, e as centenas de pessoas que aguardavam por esse, e por outro, comboio, para ali se dirigiram, na esperança de verem a indicação que confirmaria as suas expectativa: em vão, porque o comboio ali permaneceu quedo. Já pelas 19:20, entrou um comboio na linha 6: nova correria, mas afinal esse tinha como destino Caíde, com horário de partida às 19:30.

Então, finalmente, às 19:26, lá se aproximou o comboio que deveria ter partido às 19:25 para Braga. Numa correria louca, atropelando-se, lá se acomodaram as largas centenas de passageiros, e o comboio acabou por partir "apenas" com seis minutos de atraso. Pelas informações que pude recolher, o comboio foi detido várias vezes no seu percurso (julgo que vinha de Aveiro), a última das quais em Campanhã devido ao enorme atraso de um comboio regional provindo da Régua.

Voltamos a registar os faltas usuais da CP, nestas circunstâncias:
  1. apesar de muito atrasado, o comboio regional manteve prioridade sobre os urbanos;
  2. nem uma só palavra, nomeadamente sobre o atraso previsto, se ouviu da CP, muito menos o necessário pedido de desculpas;
  3. era perfeitamente possível a indicação prévia da linha de onde partiria o comboio, evitando correrias e atropelos;
  4. havia uma composição disponível, desde as 19:15, mas, por razões que só alguns eleitos conhecerão, não foi utilizada; e
  5. também por razões só ao alcance dos tais eleitos, os regionais da linha do Douro são os únicos que vão a São Bento.
Acresce que, mesmo quando as composições estão paradas na estação, a indicação do seu destino só aparece alguns minutos antes da partida, sugerindo que na CP existe o culto de ver centenas de pessoas a atropelarem-se, depois de terem estado largos minutos de pé, olhos fixos nos painéis dos anos cinquenta do século passado, num átrio desoladoramente gelado.

Reforço a minha convicção de que tudo isto ocorre pela falta de uma política de responsabilidade, focada no serviço ao cliente; o que só é possível numa empresa que detém o monopólio do transporte ferroviário. Porque, noutras áreas anteriormente monopolizadas, as coisas mudaram significativamente – melhor para os clientes, pior para alguns que julgavam poder eternizar a sua incompetência.

Cumprimentos,
Carlos de Sá"