"Na pretérita sexta-feira, aguardava em São Bento pelo comboio 15243,
que me levaria de volta a Famalicão, cuja partida estava marcada para as 19:25. Como é um infeliz hábito, dez minutos antes da partida ainda ninguém sabia de qual linha partiria o comboio. Entrou na linha 2 uma composição, e as centenas de pessoas que aguardavam por esse, e por outro, comboio, para ali se dirigiram, na esperança de verem a indicação que confirmaria as suas expectativa: em vão, porque o comboio ali permaneceu quedo. Já pelas 19:20, entrou um comboio na linha 6: nova correria, mas afinal esse tinha como destino Caíde, com horário de partida às 19:30.Então, finalmente, às 19:26, lá se aproximou o comboio que deveria ter partido às 19:25 para Braga. Numa correria louca, atropelando-se, lá se acomodaram as largas centenas de passageiros, e o comboio acabou por partir "apenas" com seis minutos de atraso. Pelas informações que pude recolher, o comboio foi detido várias vezes no seu percurso (julgo que vinha de Aveiro), a última das quais em Campanhã devido ao enorme atraso de um comboio regional provindo da Régua.
Voltamos a registar os faltas usuais da CP, nestas circunstâncias:
- apesar de muito atrasado, o comboio regional manteve prioridade sobre os urbanos;
- nem uma só palavra, nomeadamente sobre o atraso previsto, se ouviu da CP, muito menos o necessário pedido de desculpas;
- era perfeitamente possível a indicação prévia da linha de onde partiria o comboio, evitando correrias e atropelos;
- havia uma composição disponível, desde as 19:15, mas, por razões que só alguns eleitos conhecerão, não foi utilizada; e
- também por razões só ao alcance dos tais eleitos, os regionais da linha do Douro são os únicos que vão a São Bento.
Reforço a minha convicção de que tudo isto ocorre pela falta de uma política de responsabilidade, focada no serviço ao cliente; o que só é possível numa empresa que detém o monopólio do transporte ferroviário. Porque, noutras áreas anteriormente monopolizadas, as coisas mudaram significativamente – melhor para os clientes, pior para alguns que julgavam poder eternizar a sua incompetência.
Cumprimentos,
Carlos de Sá"