Por Carlos Cipriano
Investimento previsto é de 500 milhões de euros
A CP vai comprar 102 comboios novos que poderão custar mais de 500 milhões de euros, num investimento que é o maior de sempre da empresa na compra de material circulante.Investimento previsto é de 500 milhões de euros
O caderno de encargos prevê a compra de 49 Unidades Múltiplas Eléctricas (UME) com opção para mais 23, e ainda 25 Unidades Múltiplas a Diesel (UMD com opção para mais cinco.
A necessidade de renovar a frota da CP é óbvia, tendo em conta que grande parte se encontra obsoleta, nomeadamente as automotoras a diesel e as composições da linha de Cascais.
Para esta última linha, está prevista a compra de 36 UME equipadas com bi-tensão, isto é, que possam circular na linhas de Cascais (onde a tensão é de 1500 volts em corrente contínua) e no resto da rede (a 25000 volts corrente alterna). Uma especificação que encarece cada composição, mas que se torna necessária enquanto aquela linha suburbana mantiver um tipo de electrificação diferente das outras.
Do restante material eléctrico, oito comboios destinam-se aos suburbanos do Porto e 15 aos suburbanos da margem sul, numa mensagem clara da CP de que pretende ficar com a concessão suburbana da Terceira Travessia do Tejo (TTT), assegurando serviços directos de Sintra e da Azambuja para o Barreiro e para o aeroporto de Alcochete.
Esta vontade também é partilhada pela Fertagus, que diz ser aquele o seu “território” natural de expansão. Em todo o caso, nada impede que o governo autorize à CP a compra dos comboios para depois – na hora da decisão sobre quem ficará com a concessão – esta os vender à Fertagus, que foi precisamente o que aconteceu com a actual frota daquele operador privado.
As unidades a diesel representam apenas 30 das 102 composições a lançar a concurso, mas é o lote mais premente devido à provecta idade do material em circulação no serviço regional. Ainda por cima é também este o serviço mais deficitário onde as receitas dos bilhetes mal cobrem 20 por cento dos custos de exploração, motivo que levantou dúvidas ao Ministério das Finanças na hora de decidir um investimento tão elevado.
A CP, contudo, pretende diferenciar algumas destas composições com maior conforto a fim de as afectar ao serviço Intercidades do Alentejo, que é actualmente feito com carruagens rebocadas por locomotivas a diesel.
Este concurso público tem vindo a ser anunciado desde há um ano pelo presidente da CP, Cardoso dos Reis, e pela secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, mas sofreu várias atrasos nas Finanças, o último dos quais devido à intenção da CP em acrescentar um lote de novos comboios para a TTT e margem sul.