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11 agosto, 2009

CP investe 380 mil euros para estudar reformulação geral dos horários

in PÚBLICO, 03.08.2009
Por Carlos Cipriano
Fernado Veludo/PÚBLICO (arquivo)
CP vai estudar mudança de horários
Chama-se "Impulso", vai custar 380 mil euros e serve para melhorar a oferta ferroviária a nível nacional da CP. O estudo, em curso, foi adjudicado a um consórcio formado pela Ferbritas, uma afiliada da Refer, e pela SMA und Partner AG, uma empresa suíça especializada em transporte e tráfego.

"Pretendemos uma reformulação geral da rede para melhorar os enlances (correspondências) e ter uma perspectiva mais comercial, numa lógica de oferta geral do serviço e mais de acordo com a procura", disse ao PÚBLICO o presidente da CP, Cardoso dos Reis.

O administrador diz que gostaria de pôr em prática horários cadenciados (famílias de comboios com passagens aos mesmos minutos em cada estação) e reduzir os transbordos e os tempos de espera nas estações.

Outro dos objectivos deste estudo é diminuir as perturbações que existem na Linha da Cintura, onde circulam comboios de dois operadores diferentes (CP e Fertagus), optimizar a relação directa Porto-Faro (que é feita em seis horas, mas pode ser reduzida) e melhorar a fiabilidade do serviço Tomar-Lisboa.

Reclamações dos clientes

Cardoso dos Reis diz que as alterações em estudo têm em conta, na medida do possível, as reclamações dos clientes, "apesar de eles não terem - nem têm que ter - a visão geral do sistema". Muitas sugestões não podem ser postas em prática, porque mexer num horário de um comboio repercute-se nos restantes.

O "Impulso" deverá estar concluído antes do fim do ano e o presidente da CP diz que gostaria de adoptá-lo já para o horário de Inverno (que começa em Dezembro), mas reconhece algumas dificuldades "por causa do estrangulamento da Trofa", um curto troço de via única na linha do Minho que tem implicações nas relações do Porto para Guimarães, Braga, Viana e Valença. Este problema só estará resolvido no início de 2010, quando estiver terminada a construção de uma variante.

Cardoso dos Reis diz que não foram feitas estimativas do impacto nas receitas que a aplicação dos novos horários poderá gerar, mas que há exemplos na Suíça em como os horários integrados se traduzem num aumento da procura e da complementaridade entre os meios de transporte.

Os actuais horários da CP obedecem a uma lógica de itinerários, linha a linha, ignorando as potencialidades do funcionamento em rede onde os passageiros podem ir de todas as origens para todos os destinos com ligações directas ou com um número mínimo de transbordos.

Na ferrovia portuguesa não há, por exemplo, comboios directos da Beira Alta e da Beira Baixa para a Região Norte, nem de Évora ou Beja para o Algarve. De Leiria para o Porto é preciso apanhar três composições e no Minho a CP obriga os passageiros a mudarem de comboio em Nine.

Na linha do Douro já quase não é possível viajar directamente do Porto para o Pocinho e na própria Linha do Norte os comboios regionais não passam de Aveiro, obrigando os passageiros que queiram seguir viagem a fazer transbordo naquela estação.