
Uma avaria fez suprimir, hoje de manhã, o comboio regional 3102, que deveria sair de Viana do Castelo às 05:30 e chegar a Nine às 06:33. Esse é o enésimo incidente nos últimos meses, a lembrar quão velha é a frota de automotoras UDD45 a operar na linha do Minho, fabricadas em 1965 e modernizadas em 1999.
A CP tem prevista a substituição do material circulante, no serviço regional das linhas do Minho e do Douro, já não pelas novas composições que foram objecto de concurso internacional – entretanto suspenso, para “reavalição” – mas por material alugado à espanhola Renfe, que custará 5,35 milhões de euros por ano. O material que virá de Espanha, embora recondicionado, é dos anos oitenta.
Ora, na cega mira de poupar, a CP acaba por fazer um negócio ruinoso, embora óptimo para a Renfe a para sua associada Integria, empresa espanhola que fabrica e mantém material circulante ferroviário (congénere da portuguesa EMEF). Na verdade, a aquisição de 17 novas automotoras (pelos preços anunciados pela proposta mais baixa) significaria, para um financiamento de vinte anos com uma taxa de juro de 4%, um encargo anual 6,74 milhões de euros – pouco mais do que a CP vai pagar de aluguer. Acresce que, se considerarmos que o material alugado vai necessitar de maiores gastos de manutenção do que necessitaria o novo equipamento, e que, previsivelmente, consumirá bastante mais combustível (os motores foram substituídos, mas há 14 anos!), o negócio parece ser, definitivamente, um muito mau negócio.