
Quinze dias depois de aberta ao público (mas ainda não inaugurada), a estação da Trofa permanece quase na mesma: as obras no exterior estão para dar e lavar, no interior a única alteração visível é que as escadas rolantes deixaram de rolar – no mais, tudo igual, as máquinas de venda automática hão-de chegar qualquer dia, dos obliteradores só lá estão as carcaças dos suportes, da anunciada máquina Multibanco ninguém sabe, o espaço destinado ao café permanece vazio e inacabado. Os arranjos exteriores prosseguem à velocidade com que ali circulam os comboios: devagar, muito devagar.
Os trofenses pareceram muito entusiasmados com a nova estação; nada que o tempo não arrefeça rapidamente, porque aquilo é mais fachada que outra coisa – em termos de comodidade, não passa de um apeadeiro muito caro. Na verdade, os dias mais acalorados deram para perceber que o sítio vai ser uma pequena fornalha no Verão e uma geladeira no Inverno, altura em que os ventos e a chuva reduzirão substancialmente o espaço útil da plataforma.
Desenvolvida em torno do viaduto que suporta a via férrea, a estação da Trofa tem um piso térreo cujo revestimento desencoraja saltos finos, onde se situam dois edifícios internos, dispostos simetricamente no alinhamento do viaduto, um que alberga a cafetaria e os sanitários e o outro uma área técnica que inclui as bilheteiras, ambos dotados de aparelhos de ar condicionado, e em redor destes uns corredores mal-amanhados onde foram colocadas escassas cadeiras; não tem uma sala de espera, propriamente dita. Dois conjuntos de escadas rolantes (que apenas funcionaram nos primeiros dias) e duas escadas convencionais dão acesso às duas plataformas de embarque, a mais de quatro metros do solo; há ainda dois elevadores, um de cada lado, que permanecem activos. No piso superior, a parte central, em forma oval transversal à via, está totalmente coberta; já as laterais dispõem apenas de uma cobertura ligeira, acrescendo as generosas aberturas na estrutura vertical que facilitarão a circulação do vento e da chuva nos dias invernosos. No exterior, uma larga praça pedonal, um parque de estacionamento ao ar livre e uma espécie de interface com autocarros rodeiam o edifício.