In Economico, 04/03/2011, por Rui Barroso
A agência de notação financeira cortou os ‘ratings' de longo prazo das quatro empresas públicas para "lixo".
Isto porque a Standard & Poor's (S&P) considera que a capacidade do Estado em prestar apoio eficaz e atempado às quatro entidades diminuiu.
A Parpública levou um corte de 'BBB' para 'BB+' e as outras três entidades desceram de 'BBB' para 'BB', nível considerado como "lixo". A S&P piorou ainda as avaliações individuais destas entidades relacionadas com o governo. O perfil de crédito individual das empresas públicas também foi alvo de uma revisão em baixa: 'b' para a Parpública e 'b-' para as outras três entidades.
"Na nossa perspectiva, a elevada dependência destas empresas do apoio do governo português no actual ambiente macroeconómico aumenta o risco de não conseguirem uma solução rápida para os seus fardos de dívida de curto prazo", refere a S&P em comunicado.
A S&P considerava que a capacidade do governo em apoiar financeiramente estas empresas era "extremamente alta". Mas, após esta avaliação e dadas as dificuldades de financiamento da República, consideram que essa probabilidade já não é tão forte, passando a "muito alta".
A agência ressalva que "o apoio governamental será cada vez mais restringido pelas difíceis condições de financiamento de Portugal, como é ilustrado pelo fraco acesso a liquidez externa pelo sistema bancário comercial".
Explica que "tendo em conta os custos de financiamento do soberano, antecipamos que as pressões na gestão do ‘cash flow' poderá aumentar. Isto já se materializou na redução da maturidade média da dívida de várias empresas públicas desde o segundo semestre de 2010".
Alertam ainda que "em algumas ocasiões o Estado poderá dar prioridade ao seu próprio acesso ao mercado antes das empresas públicas". No entanto, ressalvam que estas quatro entidades continuarão "muito importantes" para o Estado e permanecerão com uma ligação muito forte com o governo português. "Continuarão a beneficiar do actual e potencial apoio extraordinário", refere a S&P.
Mas a agência avisa que podem vir aí novos cortes nas avaliações de crédito destas empresas. Explica que "uma maior deterioração das condições financeiras e económicas em Portugal poderão reduzir a capacidade e a vontade do governo em fornecer apoio extraordinário adicional. Neste caso, reavaliaremos em baixa a nossa perspectiva da capacidade do apoio governamental à Parpública, Refer, CP e Metro de Lisboa".