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27 dezembro, 2012

"Supressões e desculpas esfarrapadas: protestarei, sempre!"


Ontem de manhã, voltou a acontecer o que vem sendo recorrente: dois comboios rápidos, na linha de Braga, um no sentido ascendente (08:15 em S. Bento) e outro no sentido descendente (07:45 em Braga) foram suprimidos! 

São os últimos comboios rápidos da manhã, e aqueles que habitualmente mais gente transportam. Estamos em período de férias, não só escolares, e como ontem o comércio tradicional esteve fechado, foram afectados menos de um terço dos passageiros habituais  mas eu estava entre os que foram! 

E por isso recusei validar o passe e mostrá-lo ao revisor, informando-o que o fazia em sinal de protesto por mais esta afronta aos passageiros. O homem, em clara atitude de excesso de zelo, fez parar o comboio em Ermesinde, pretensamente a aguardar por agentes policiais para me identificarem. Saí nessa estação, para não prejudicar os restantes passageiros, mas não sem antes me identificar pelo nome e apelido, informando o sujeito que o resto da minha identificação é do sobejo conhecimento dos senhores directores da unidade de negócios dos comboios urbanos do Porto. Deu-me algum transtorno, por ter de tomar um terceiro autocarro, mas essa foi a atitude que achei mais correcta – a última coisa que desejaria era virar os passageiros contra a causa por que venho lutando, que é um sistema de transportes públicos digno dos cidadãos (não meros clientes) que o usam.

A supressão dos comboios afigura-se-me um acto de sabotagem, inserido numa táctica de criar um clima na opinião pública favorável à privatização dos serviços urbanos do Porto e de Lisboa; mas ainda que não seja um acto deliberado de sabotagem, será pelo menos um acto de negligência continuada, porque resulta da incapacidade da administração da CP garantir os recursos indispensáveis à realização dos comboios previstos, e ainda um crime de difamação por atirar as culpas para as greves  tratando ainda os seus passageiros por mentecaptos que aceitam essa desculpa para supressões ocorridas seis horas antes ou oito horas depois do período da greve. Ou, como aconteceu hoje de manhã com o comboio 15102, 33 horas depois!

Os sindicatos têm também uma boa parte de responsabilidade na azeda opinião dos passageiros, não só porque não se têm esforçado a explicar os motivos das greves – que a maioria dos passageiros desconhece  como principalmente porque a natureza das greves afecta apenas os passageiros que já pagaram as assinaturas; a empresa, essa só poupa.

Carlos de Sá