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09 junho, 2014

A insegurança mantém-se

Na pretérita quinta-feira, pelas 19:23, ocorreram na estação de Contumil duas situações no comboio 15243 quereputo muito graves. Passo a explicar:

Na proximidade da referida estação, um passageiro (um jovem adulto) sentiu-se mal e, como lhe competia, o revisor acompanhou-o na saída do comboio, e (presumo) ligou para o seu superior a relatar a ocorrência; o jovem apresentava convulsões intensas, vontade de vomitar e temperatura elevada – tudo sintomas de algo muito grave. Ora,
  •   nenhum apelo ao auxílio de um médico ou enfermeiro foi lançado pelo sistema sonoro do comboio (valendo a curiosidade de um profissional do ramo, que decidiu averiguar da razão da paragem); e
  •   na aproximação ao local, a ambulância do INEM teve que dar a volta ao complexo para encontrar a entrada correcta, seguindo as instruções do funcionário da empresa de segurança que ali presta serviço, no que demorou mais de cinco minutos.

Conformam os factos relatados que
  • apesar das insistentes recomendações, desde 2009, da Associação Comboios XXI, que são do mais elementar bom-senso,  continuamos a registar que o revisor, ou o maquinista, não estão instruídos para lançar pelo sistema sonoro um apelo a médico ou enfermeiro presente; e
  • nenhum protocolo rigoroso com o INEM/CODU está estabelecido, conforme o incidente com a aproximação da ambulância bem ilustra.

Em 2009, pelo menos uma vida terá sido perdida pela falta de coordenação, e de um protocolo claro e exigente em matéria de segurança. Não se podem deixar coisas destas à maior ou menor sensibilidade dos funcionários da CP envolvidos, nem muito menos ao eventual conhecimento que os operadores do CODU e os motoristas das ambulâncias do INEM tenham dos locais onde as tragédias ocorrem.
O que aconteceu na pretérita quinta-feira assusta-me; se me acontecer algo grave, só posso confiar nos meus próprios recursos, porque a CP insiste em levar isto a brincar.