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24 agosto, 2016

Serviço da CP na Linha do Douro criticado em plena época turística

Foto de uma automotora 0609 na Estação do Pocinho em 2002. Passados 14 anos, continuam a circular automotoras, porque não houve electrificação e as composições são as mesmas.



Nos últimos dias, a CP tem enfrentado duras críticas dos que deveriam ser seus aliados naturais no aumento de tráfego de passageiros. Os operadores turísticos do Douro que têm trajectos de comboio como parte da sua oferta estão publicamente a dizer que não podem dar aos clientes o que a CP tem neste momento para oferecer aos passageiros. A Tomaz do Douro publicou o primeiro Comunicado, no dia 19, afirmando que no dia seguinte e até Outubro iria substituir por autocarros o transporte de comboio previsto nos seus programas. Em seguida os três operadores, a própria Tomaz do Douro, a Barcadouro e Rota Ouro emitiram um comunicado comum.

À imprensa, os operadores esclareciam: "Continua a haver ligações suprimidas em cima da hora, sobrelotação das carruagens, faltas de manutenção e avarias recorrentes do material circulante, falhas nos sistemas de ar condicionado, carruagens grafitadas (vidros incluídos) e o recurso reiterado a autocarros que fazem por via terrestre o percurso que milhares de turistas antecipadamente escolheram fazer por ferrovia”.

Agora a Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes (AETUR) juntou-se à pressão exercida sobre a CP. Numa carta enviada à administração da empresa ferroviária e tornada pública, tomam uma posição de desagrado e dizem "que se tem verificado nos últimos anos é um crescente desinvestimento, baixa de qualidade de transporte, desadequação de oferta às necessidades turísticas do vale do Douro, tornando o serviço inadequado e ostracizante".

Afirma a AETUR na carta enviada à CP que visto que a maior parte do turismo regional chega ao Douro a partir do grande Porto, "é indispensável garantir e melhorar as diferentes tipologias de mobilidade aos habitantes e aos turistas, cuja importância na economia regional e nacional é por demais reconhecida".

A CP respondeu em comunicado, reconhecendo as dificuldade em responder ao aumento da procura na linha do Douro "porque a capacidade não é limitada". Indica que o transporte de grupos na Linha do Douro (entre os quais se incluem os clientes dos cruzeiros), no primeiro semestre cresceu 40% em relação ao período homólogo de 2015 e que em Junho esse crescimento foi de 73%, ou mais 8.314 viagens realizadas.

Em Junho, a Comboios XXI andava a dar notícia, no seu Boletim, de comboios suprimidos sem aviso, horários que não se cumpriam, na Linha do Douro. Estas queixas que agora se escutam chegam à comunicação social e às redes sociais com mais eficácia e rapidez, devido à maior capacidade dos intervenientes. Mas lembramos que as queixas dos utentes já nos chegaram há algum tempo e repetem-se. É tempo de a CP procurar mudar a situação.