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26 outubro, 2009

Perca de pontualidade ferroviária obriga a decisões na Linha do Norte

In Público Online, 26 de Outubro de 2009
por Rui Rodrigues

(rrodrigues.5@netcabo.pt / www.maquinistas.org)


A pontualidade no Alfa Pendular, no ano de 2008, segundo dados da CP, caiu dos 80% para os 60%. Esta quebra acentuada deveu-se, sobretudo, ao estado em que se encontram três troços da Linha do Norte, que ainda não foram modernizados:

Ovar-Gaia, Alfarelos-Coimbra e Entroncamento-Santarém.

A situação chegou a este ponto, pela simples razão de que, nos últimos anos, quase nada foi feito para a alterar, podendo ainda agravar-se num futuro próximo.

Independentemente da construção ou não da nova Linha Lisboa-Porto, a Linha do Norte tem que ser modernizada devido ao seu elevado tráfego. Por esta via circulam, todos os dias, os comboios de longo curso, regionais, suburbanos e mercadorias, em bitola ibérica. A sua soma vai ser sempre muito superior ao número de comboios da nova linha Lisboa-Porto.

Convém recordar que a Linha do Norte é a coluna vertebral da actual rede e sempre que esta via tem uma avaria, por arrasto, as várias linhas, que dela dependem, também são afectadas. Por isso, espera-se que uma das decisões do Governo que hoje toma posse será, sem dúvida, que opções serão tomadas, nos próximos meses, para a Linha do Norte.

Outro dado muito interessante, relativamente ao ano de 2008, é o aumento de tráfego no Intercidades, que teve um acréscimo de 15,3%, enquanto o Alfa Pendular quase estagnou, pois teve só um aumento de 0,1%. A principal razão desta ocorrência deve-se à diferença de preços dos bilhetes. Os passageiros preferem perder mais 25 a 15 minutos de viagem, no Intercidades, do que pagar bilhetes mais caros, no Alfa Pendular. Este é um indicador importante e que deve ser estudado com atenção, pois, parte do mercado poderá preferir baixos preços em detrimento do tempo de viagem e de um melhor conforto.

Uma questão muito importante será saber que política será adoptada pelo novo Ministério das Obras Públicas no sector dos transportes. O país irá apostar nos modos que menos consomem energia, que são o marítimo e o ferroviário, ou Portugal vai continuar a investir milhares de milhões na rodovia, que nos torna cada vez mais dependentes do petróleo?