in Povo Famalicense,
É oficial, porque foi dito por António Vitorino, na sua conversa da passada segunda-feira na RTP: a ligação da Rede de Alta Velocidade (RAVE) entre Porto e Lisboa ficará a aguardar melhores dias! Culpa das restrições orçamentais e dos limites ao endividamento externo, disse o comentador e dirigente nacional do PS.
Eu até compreenderia, mal embora, esse adiamento, aparentemente sine-die; acontece é que, segundo as palavras do referido comentador, para a ligação de Lisboa ao Caia (seguindo para Madrid via Badajoz) nenhum obstáculo se levantará; como não se levantará qualquer obstáculo para a terceira travessia do Tejo (TTT).
Por mim, BASTA! Basta de canalizar todos os investimentos de monta para Lisboa! Se temos de apertar o cinto, então é justamente a região de Lisboa, que está muito acima da média nacional em todos os indicadores de bem-estar, que terá de fazer mais sacrifícios, em nome da tão propalada coesão desta manta de retalhos à beira-mar plantada. Repare-se que a ligação sacrificada é, simultaneamente, a mais necessária (pela saturação do canal actualmente existente) e a mais rentável; e que a que vai ser construída só poderá sobreviver com fortes ajudas do erário público, porque o comboio, mesmo de alta velocidade, só é competitivo em distâncias até 500 Km.
Não sei se a ligação de Braga a Vigo também será comprometida; esta, se o for, sê-lo-á provavelmente a título definitivo, porque não vislumbro maneira de a fazer arrancar depois de perdermos o acesso aos fundos comunitários; e do lado da Galiza as obras estão muito adiantadas, podendo bem acontecer que, se do lado de cá se hesitar muito, fique irremediavelmente comprometido o troço de Vigo à fronteira.
Carlos de Sá