in Público 04.02.2011 por Carlos Cipriano
"Contrariamente ao que chegou a estar previsto no plano de contenção de custos da CP, a linha férrea entre Beja e Funcheira acabou por não fechar, e o anúncio do fim do serviço Intercidades directo entre Lisboa e Beja poderá ter sido precipitado. Isto porque a transportadora já admite rever a situação futura deste último serviço, cujo anunciado fim, explicado nas páginas do PÚBLICO pelo presidente da companhia, José Benoliel, gerou forte contestação naquela cidade alentejana.
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Quanto à possibilidade de ser também uma simples automotora a fazer a ligação de Beja a Casa Branca onde daria correspondência aos Intercidades de Évora, a mesma fonte disse que é uma situação que "ainda não está decidida".
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No Norte do país, o cenário de cortes é diferente, mantendo-se as intenções iniciais. A meia Linha de Leixões acabou por fechar mesmo (nunca se chegou a avançar para a segunda fase e efectuar o serviço até ao Hospital de São João onde havia maior potencial de mercado), mas a CP assegura ainda compromissos assumidos nas linhas do Corgo (Régua-Vila Real) e do Tâmega (Amarante-Livração) e no ramal da Figueira da Foz à Pampilhosa através de um serviço rodoviário alternativo que cumpre o mesmo percurso dos comboios. E que não sai barato à empresa, pois paga por eles 438 mil euros por ano a empresas rodoviárias.
No entanto, tradicionalmente, sempre que o serviço ferroviário é "sus- penso", a CP disponibiliza autocarros durante algum tempo, acabando mais tarde por retirar-se dado não ser essa a sua principal actividade. Aconteceu assim em todas as linhas encerradas no Alentejo e em Trás-os-Montes nos finais dos anos de 1980.
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O GAFNA - Grupo de Amigos da Fer- rovia Norte Alentejana emitiu um comunicado no qual diz que o distrito de Portalegre e o Alentejo "estão de luto" por ter sido suprimido, ao fim de 131 anos, o serviço regional ferroviário no ramal de Cáceres. E acusa a CP de contribuir para aumentar o isolamento geográfico de um vasto território (o ramal de Cáceres liga Torre das Vargens a Beirã-Marvão numa distância de 65 quilómetros), diminuindo a mobilidade das populações, dado que a alternativa rodoviária (Rede de Expressos) é mais morosa e mais cara.