SEARCH

05 abril, 2011

Horizontes: Uma estratégia ferroviária para o Norte

crónica de António Alves para o Semanário Grande Porto 01.04.2011

"A ferrovia é um instrumento essencial para estruturar esta realidade, razão pela qual é urgente que se avance para a formação de uma empresa regional constituída pelas câmaras directamente interessadas, onde estarão obrigatoriamente as da Área Metropolitana do Porto e a de Braga, que negoceie directamente com Bruxelas a construção do eixo ferroviário Porto – Aeroporto - Braga - Vigo.
A Comissão Europeia tem as verbas atribuídas a este projecto cativas até 2015.
Se o Grande Porto não tivesse tomado nas suas próprias mãos o projecto do Metro ainda hoje estaríamos a ouvir argumentos como o que nos dizia que o subsolo do Porto era demasiado rochoso e impossível de perfurar.

Uma outra necessidade é a criação de empresas regionais, públicas ou privadas, que, à imagem do que faz a espanhola FEVE (e muitas outras na Alemanha com assinalável sucesso), reactivem e procedam à exploração sustentável de toda a rede de serviços regionais de via larga e também das nossas excelentes vias estreitas (hoje tão ameaçadas), como é caso da deslumbrante Linha do Tua.
Mas para isso a Região deverá dispor da necessária e tão desejada autonomia política e governo próprio.

É também hora de deixar de avaliar a Linha do Douro apenas pelo seu enorme potencial turístico.
É inquestionável que o tem, mas o grande contributo para a “estruturação da Ibéria” será mesmo a sua reactivação para o transporte internacional de mercadorias e passageiros, abrindo o Atlântico ao grande porto seco de Salamanca e ao nó logístico de Valladolid.
O Douro poderá ser a porta atlântica de toda a Castela interior. Quando no século XIX a Linha do Douro foi construída não existia ainda aquela que hoje poderá constituir-se como a sua maior vantagem competitiva: a navegabilidade do Douro da foz até Barca d’Alva.

Uma plataforma intermodal fluvio-ferroviária no Douro superior colocaria o Atlântico a 150 Km de Salamanca, 220 Km de Valladolid e 350 Km de Madrid. As oportunidades que se abririam a Leixões, ao Porto e à Região do Douro seriam imensas. Um navio fluvio-marítimo pode transportar o equivalente a 100 camiões de 25 toneladas e a 11 composições ferroviárias de 11 vagões de 20 toneladas.
Haja pensamento estratégico e ambição.
Aproveitemos o que já existe. Nem sequer é necessário construir de novo."