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02 julho, 2011

A CP quer acabar com a ligação Porto-Vigo

foto 1) Estação de Vigo - Comboio CP série 450 utilizado nas ligações Porto-Vigo, originalmente construído em 1966 e modernizado há cerca de uma década. Tem ar condicionado, fecho automático de portas, WC de descarga directa para a linha, e tem a velocidade máxima de 120 km/h. O acesso ao comboio faz-se por intermédio de três degraus, sendo a acesso a cadeiras de rodas ou pessoas com mobilidade reduzida praticamente impossível.
Nas rampas mais acentuadas do percurso em território português, este comboio dificilmente ultrapassa os 65 km/h.


Parte I - O comportamento da CP


Um dia depois de o secretário do Eixo Atlântico Xoan V. Mao ter diligenciado no sentido de solicitar ao Ministro da Economia de Portugal uma reunião para debater, entre outras coisas, questões ferroviárias respeitantes ao Norte de Portugal e Galiza, a CP decide suspender (a partir de 10 de Julho) as ligações ferroviárias existentes entre Valença e Vigo alegando "falta de condições" (isto quer dizer exactamente o quê?).

Após uma chamada para o "call center" da CP ficamos vagamente a saber que essa interrupção se deve a "obras", embora não haja informação acerca do teor dessas obras nem da sua localização. Desconfiamos que são… uma desculpa de ocasião.

Mais se adensa o mistério pois, por parte da Renfe (a CP espanhola) não há nenhuma indicação sobre essa interrupção, e a ADIF (a Refer espanhola) nega existir qualquer impedimento à circulação.

Não deixa de ser trágico que, no ano em que à volta da ponte rodoferroviária de Valença -Tui se comemorou já - com alguma pompa e circunstância - o seu 125º aniversário ao serviço das duas regiões, se anuncie o fim do comboio Porto-Galiza.

É mais uma agressão à mobilidade desta vasta euroregião (habitada por 6 milhões de pessoas, uma das mais populosas da península), após a recente introdução de portagens na A28.

Não é compreensivel nem aceitável que um serviço ferroviário (já histórico), que resistiu por muitas décadas a guerras, ditaduras, crises graves e fronteiras controladas, venha agora ser bruscamente interrompido.



Foto 2) comboio Renfe serie 599 - utilizado nas ligações Vigo-Santiago de Compostela-Corunha, construído em 2008. Tem todas as funcionalidade do comboio de topo da CP Alfa Pendular, acrescido de espaço para bicicletas, amplo WC biológico, tomadas eléctricas em todos os lugares. Atinge a velocidade máxima de 160 km/h.
Nas rampas mais acentuadas do troço Santiago de Compostela-Corunha atinge a velocidade de 145 km/h.
À semelhança do comboio homólogo Porto-Vigo, tem tracção diesel. Em teoria, pode fazer uma viagem contínua Porto-Valença-Vigo-Corunha.

II - A opção consequente pela ferrovia na Galiza

Actualmente, verifica-se que este serviço, embora sem nenhuma divulgação especial junto do seu público alvo, tem uma procura considerável - sobretudo na época estival.
Numa altura em que todo o eixo Vigo – Santiago - Corunha é servido por novos comboios que circulam a 160 km/h (brevemente a 220 km/h), do lado português simplesmente ignora-se a Galiza.

Não deixa de ser sintomático o contraciclo em que a CP normalmente actua - convém recordar que a transportadora perdeu 40% do tráfego de passageiros nos últimos 20 anos.

A Comboios XXI defende o transporte ferroviário e em nada se opõe ao desenvolvimento do transporte aéreo mas não podemos deixar de nos interrogar com a (in)utilidade no novo aeroporto de Beja…e das suas pistas com 3,450 e 2951 metros de extensão, que recebe um avião aos domingos de manhã.

III - Conclusão

Posto isto, a Comboios XXI exige a remodelação do serviço directo Internacional Porto-Vigo por via de:

- diminuição do tempo total de viagem, pois tanto o material circulante como as condições da via o permitem;

- garantia de ligação rápida desta linha no Porto para quem segue no serviço IC ou Alfa;

- disponibilização a bordo (extensível aos IR do Minho) de máquinas de venda de alimentos e bebidas;

- equipar as automotoras com informação sonora e visual;