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| Foto: Bruno Almeida - CXXI |
Pela estafadésima vez nos últimos anos, com uma regularidade impressionante (aparentemente em alturas de chuva e/ou trovoada), uma “avaria nas agulhas” impediu o trânsito de comboios entre Campanhã e São Bento. Foi ontem de manhã, e originou que muitos comboios circulassem com atrasos na ordem dos vinte minutos, infernizando o dia de muitos milhares de pessoas. Pelas 08:45, na estação de Campanhã aglomeravam-se centenas de pessoas sem a menor informação sobre o ocorrido, e menos ainda se teriam ligação a São Bento – os avisos sonoros nada diziam sobre o que interessava às pessoas; ignoro o que se passou em S. Bento, mas imagino que a situação tenha sido semelhante. Comboios atrasados circulavam apinhados de gente, pelo facto de acumularem passageiros originalmente destinados a dois ou mais diferentes comboios (por exemplo, o comboio 15214 acabou por congregar passageiros do 15218, do 15102 e do 15154).
A ocorrência veio, uma vez mais, trazer à baila o amadorismo com que CP e REFER tratam estas situações, e o completo desprezo que ambas as empresas mostram para com os passageiros. De facto:
- Esse tipo de avaria é recorrente, pelo que não se compreende que nada tenha sido feito, ao longo de todos estes anos, para a evitar, sobretudo quando a REFER gasta somas exorbitantes em obras de menor prioridade (prometo revelar uma, numa próxima oportunidade).
- A CP não tem um plano de contingência que minimize os danos para os seus clientes, nestas ocorrências, o que é verdadeiramente lamentável (e suspeito que não tem planos de contingência, ponto final).
- CP e REFER continuam a não fornecer informação clara e precisa, em tempo útil, aos passageiros, no que revelam o maior desprezo por quem, na dupla qualidade de cliente e contribuinte, paga os generosos salários e outras mordomias dos administradores e dos directores de ambas as empresas.
A CP bem pode andar à procura dos muitos milhões de passageiros perdidos; não será com comportamentos desses que os conseguirá de volta.
