Linha do Minho – Duas realidades.
Passados Cinco anos sobre a modernização da Linha do Minho – Braga- Porto, que é hoje um êxito comprovado, subsiste ainda a linha além Nine, que permanece quase igual ao que foi durante o século XX, em qualidade ou velocidade dos serviços oferecidos.
Sendo que esta linha serve as Cidades de Barcelos, Viana do Castelo (capital de Distrito) Valença, e também o eixo internacional Porto – Vigo, deveria também ser alvo de melhorias que comparáveis às que se verificaram nos distritos vizinhos de Braga e Porto. Utilizam actualmente os comboios nesta linha alguns milhares de passageiros por dia, muitos nos seus percursos diários para o trabalho ou a escola.
Situação actual
- Tempo de viagem:
O serviço internacional Porto – Vigo (o de melhor categoria que serve esta linha) tarda muito mais que duas horas entre Valença e Porto (134Km), e mais de hora e meia entre Viana e Porto (84Km). O serviço regional é ainda mais lento, demorando mais de duas horas de Valença a Nine, a que se somam tempos de espera pelos comboios do eixo Braga – Porto, que em certos horários tornam as viagens mais demoradas do que se fossem feitas de bicicleta.
- Vias e edifícios de apoio
Não obstante os investimentos recentes nesta linha, alguns edifícios das estações e outros edifícios de apoio encontram-se frequentemente degradados ou emparedados, o que dá um ar de abandono e desmazelo. Este tipo de ambientes torna desagradável a permanência dos passageiros diários, ao mesmo tempo que se torna cenário privilegiado de delinquentes ou pequenos criminosos, abrindo caminho ao vandalismo dos edifícios e material circulante que aí estaciona. Em geral existem nas estações e apeadeiros pouca ou nenhuma informação aos passageiros, e poucas condições para esperar os comboios com conforto e segurança.
Sendo esta linha operada em via única e cruzada por numerosos comboios de mercadorias, existem poucos locais onde podem ser efectuados cruzamentos de comboios, por vezes causando grandes atrasos nas circulações já de si demoradas.
- Material Circulante
O serviço de passageiros desta linha é assegurado por automotoras já com muitas décadas de serviço, que embora algumas tenham sido remodeladas (UDD450), acusam a sua idade avançada pela sua concepção antiquada e avarias com frequêntes. Estas automotoras já se manifestam pouco adequadas para o serviço Internacional e Interregional quer no conforto que oferecem a bordo, quer na velocidade, facilidade de acesso, informação aos passageiros, etc.
Medidas urgentes a tomar:
- Arranque imediato da obra electrificação da linha até Valença e nova sinalização.
- Duplicação da Linha até Viana, com início imediato troço Areia Darque – Durrães
- Encorajar a ocupação dos edifícios anexos à linha que se encontram vagos para novas utilizações, que dinamizem as estações e os apeadeiros como pontos de encontro e permanência de pessoas, bem como serviços de apoio aos passageiros.
- Concluir a supressão total das passagens de nível, bem como solucionar rapidamente o estrangulamento entre Ermesinde e Contumil e variante da Trofa.
- Criar condições para a articulação dos comboios com outros transportes públicos ou privados.
- Garantir em Valença ou Tui ligação do serviço Regional e Interregional com a nova linha de Alta velocidade actualmente em projecto.
- Integração imediata do Percurso Viana - Porto no sistema tarifário dos Suburbanos.
- Reformulação do serviço internacional, com novo material circulante que permita viagens mais rápidas e confortáveis, prestigiando assim esta ligação Internacional.
- Integração dos vários tipos de serviços orientada para os clientes, que conduza a uma oferta clara de “um percurso, um só bilhete” em vez do sistema actual desnecessariamente complexo e que penaliza os clientes sem benefício notório da CP.
- Articulação eficaz dos comboios da linha do Minho com outras linhas, nomeadamente os eixos de Braga e Guimarães, o Douro, bem como viagens de longo curso para Coimbra e Lisboa.
José Pinto, socio da associação Comboios XXI