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12 novembro, 2009

Crónica: CP de mal a pior (2)

por Carlos de Sá, sócio ComboiosXXI
2009-11-12


Quarta feira, dia de São Martinho, aí pelas 10:40 horas, na estação de Vila Nova de Famalicão:

Uma imensa fila para a única bilheteira aberta. Não era hora de ponta, apesar de ser dia de feira. Então o que originava essa fila? Apenas um simpático casal que tentava trocar os seus pontos Galp por uma viagem de ida e volta a Lisboa, para o próximo fim-de-semana!

E sabem porquê? Porque não é possível emitir num único título uma viagem a Lisboa, utilizando um comboio urbano entre Famalicão e Campanhã, e o Alfa pendular a partir daí, se a viagem neste último for realizada na classe de conforto! São necessários dois títulos! Ora, como os títulos dos urbanos expiram uma hora depois de emitidos, o expediente encontrado pela CP para ultrapassar esse problema é deveras curioso: o cliente assina um recibo, entretanto elaborado pelo funcionário do atendimento, e este dá-lhe o dinheiro -- sim, leram bem, o dinheiro! -- para que o cliente, antes de tomar lugar no comboio urbano, vá à máquina obter o título de transporte. No caso, a CP forneceu ao cliente um título de ida e volta entre Campanhã e Santa Apolónia, e 3,60 Euros em moedas para os percursos entre Famalicão e Campanhã e vice-versa. Tudo isto precedido da consulta de tabelas e manuais, e de uma chamada para o help-desk interno, atendida à terceira tentativa.

Num dos livros de Lucky Luke, há uma boa piada sobre comboios; pena que René Goscinny não tenha conhecido a CP: a piada seria certamente hilariante.