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11 outubro, 2016

Comboios Porto-Vigo ganham sistema de travagem automática

Depois do acidente que há um mês fez 4 mortos, CP e RENFE adoptam tecnologia que o teria impedido. A congénere espanhola já queria substituir o sistema antes.


Foto: Vigo al minuto

A composição que há um mês descarrilou em O Porriño, na Galiza, dispunha de um sistema analógico de travagem, como metade das automotoras desta linha. Desde segunda-feira, todos os comboios que fazem a ligação entre as cidades do Porto e Vigo passam a estar equipados com um sistema automático de travagem, que se sobrepõe à acção do maquinista.Com o ASFA Digital (Anúncio de Sinais e Freio Automático) - assim se chama o sistema, até aqui adoptado apenas em Espanha - "o maquinista não só tem de dar conhecimento que interpretou a informação relativa aos sinais de limitação de velocidade que lhe aparecem na via, como é obrigado a cumpri-los", noticia o Público. Em caso de excesso de velocidade o equipamento actua automaticamente, imobilizando o comboio.

Um sistema deste tipo teria evitado o acidente com o comboio Celta que causou a morte a quatro pessoas, entre as quais o maquinista português. O ASFA digital não deixaria que este se aproximasse da estação em excesso de velocidade. Recorde-se que a composição passou as agulhas da linha principal para uma linha alternativa a 118 Km, numa zona onde não podia exceder os 30 Km./hora.

A automotora que no dia 9 de Setembro fazia o serviço do primeiro Celta da manhã entre Porto e Vigo estava equipada com o ASFA analógico, um sistema mais antigo que depende do maquinista para travar a marcha do comboio, tal como metade das que fazem este trajecto.

A decisão foi tomada pela CP que explora este serviço em parceria com a Renfe. Contudo, ainda antes do trágico acidente, a congénere espanhola da CP já tinha intenção de instalar nesta linha o modelo mais seguro, em detrimento do analógico, revela ainda o mesmo diário.
De resto, a empresa tem vindo a fazê-lo gradualmente em todos os seus comboios e já anunciou que a partir de Janeiro todas as composições em Espanha deverão possuir o ASFA digital.

Na origem do acidente, para além de falhas técnicas e humanas, estará "um desfasamento de práticas e parâmetros técnicos de segurança entre entidades detentoras da infraestrutura e operadores de transporte", considera o investigador da Universidade do Algarve, Manuel Tão, citado pelo JN.